terça-feira, 11 de abril de 2017

Resumos das comunicações:


Mesa 1
Coordenação:  Prof.ª Dr.ª Eunice Prudenciano de Souza


QUEM É O NARRADOR DE “O QUE CADA UM DISSE”? - UMA
LEITURA CINEMATOGRÁFICA DO CONTO DE LUIZ VILELA
Pauliane Amaral (PG-UFMS)

Resumo: A construção do texto e a caracterização das personagens através do discurso direto é uma das marcas da obra de Luiz Vilela. Analisar a forma de organização e apresentação do discurso das personagens é o ponto de partida para nossa proposta de leitura do conto “O que cada um disse”, que integra a coletânea Você verá (2013). Nesse conto, o diálogo entre as personagens se dá apenas à medida que seus depoimentos surgem lado a lado, quando essas se reportam a um mesmo interlocutor. Porém, além do interlocutor, enunciado apenas por inferências coletadas nas pistas dadas pelo discurso de cada personagem, há nesse conto o que Rauer Ribeiro Rodrigues chama, na tese Faces do conto de Luiz Vilela (2006), de “narrador ausente”, quando há o apagamento de qualquer marca de enunciação do narrador. A ausência do narrador, subsumido pelo testemunho, gera um efeito de sentido particular: permite às personagens representarem, através de suas falas, diferentes esferas sociais, gêneros, faixas etárias etc., gerando o que Mikhail Bakhtin denomina heterodiscurso. A estrutura da narrativa desse conto dialoga, por sua vez, com a linguagem cinematográfica, quando transforma o leitor em espectador, omitindo a presença do narrador em sua função de mediador. O objetivo desse trabalho é mostrar como o “narrador ausente” desse conto funciona menos como um narrador-diretor que orienta a ação dos atores/personagens e mais como um narrador-montador, que seleciona o que será exibido ao espectador/leitor, valendo-se de recursos de linguagem compartilhados pelo cinema, a exemplo dos elencados por Marcel Martin em seu clássico livro A linguagem cinematográfica (1955).
Palavras-chave: Heterodiscurso; Linguagem cinematográfica; Narrador ausente; Narrador-editor.


RELEITURAS DE CONTOS DE LUIZ VILELA EM ‘CURTAS’
Lúcia Helena Ferreira Lopes (FTM-EEGIP)

Resumo: O objetivo desta comunicação é apresentar resultados de uma atividade, desenvolvida na disciplina ‘Língua Portuguesa III: Linguagem da Propaganda’, ministrada no curso de Publicidade e Propaganda, da Faculdade Triângulo Mineiro, em Ituiutaba-MG. Para o seu desenvolvimento, os alunos leram significativamente contos do autor tijucano Luiz Vilela e, a seguir, adaptaram, dirigiram, atuaram e produziram curtas a partir das releituras propostas pelos grupos. No total, foram produzidos 13 curtas, de 2012 a 2016, adaptações dos contos ‘Ousadia’, de Tarde da Noite (1970); ‘Catástrofe’, de A Cabeça (2002); ‘O que cada um disse’, de Você Verá (2013) ‘Confissão’ e ‘Vazio’, de Tremor de Terra (1967). A atividade não somente colocou os graduandos em contato com o melhor da literatura brasileira da atualidade mas também propiciou uma reflexão sobre convergência(s)-divergência(s) entre a linguagem literária e a linguagem cinematográfica, com as quais dialoga a linguagem da propaganda.
Palavras-chave: Luiz Vilela; Releituras; Linguagem literária, Linguagem cinematográfica; Linguagem publicitária.



UMA METAFÍSICA DO AMOR EM TREMOR DE TERRA
Herisson Cardoso Fernandes (Universidade de Brasília)

Resumo: Como apêndice de sua obra maior, O mundo como vontade e como representação (1818), o filósofo Arthur Schopenhauer nos legou um texto chamado Metafísica do Amor. Neste escrito o filósofo reflete sobre este momento fundamental e incontornáveis da existência humana. Inquietos perante tal problemática filosófica, surgiu em nós a vontade de pensar a filosofia do alemão em relação a algum texto literário. Especificamente que se tratasse de uma obra de autor brasileiro. A partir disso intentamos realizar uma leitura da obra Tremor de terra, de Luiz Vilela, a partir da perspectiva de nosso grupo de pesquisa Epistemologia do Romance. Percebemos que as temáticas do amor são constantes em vários dos contos incluídos em Tremor de terra, e conseguimos suspeitar de um posicionamento semelhante em diversos aspectos entre a maneira de representar tal temática, tanto na obra literária do autor mineiro, quanto nas reflexões do filósofo alemão.
Palavras-chave: Luiz Vilela; Schopenhauer; Metafísica do amor; Epistemologia do Romance.


O MASCULINO E O FEMININO EM LUIZ VILELA
Eunice Prudenciano de Souza (UFMS/CPTL)
Rauer Ribeiro Rodrigues (UFMS/CPAN)

Resumo: Traçamos uma linha evolutiva na convivência entre homem e mulher dos seguintes contos de Luiz Vilela: “Nosso fabuloso tio”, de No bar (1968), “Nosso dia” e “Vazio”, de Tremor de terra (1967), “Catástrofe”, de A cabeça (2002) e “Era aqui”, de Você Verá (2013). No conto “Nosso fabuloso tio”, temos o espaço patriarcal de personagem feminina totalmente submissa ao homem. Em “Nosso dia”, temos um indício de insatisfação com o modelo de submissão feminina. Em “Vazio”, o descompasso entre homem e mulher é representado de forma trágica. Em “Catástrofe”, a voz feminina acaba por sobrepor-se à masculina. E o conto “Era aqui” sinaliza com a possibilidade de igualdade entre homem e mulher. Os contos, a nosso ver, retratam a trajetória da convivência entre gêneros na sociedade ocidental do século XX e início do XXI.  Para traçar tal percurso, recorremos a estudos históricos e sociológicos, sob a ótica de que o feminismo acarretou profundas modificações nas teorias sociais, nas ciências humanas e na organização da sociedade, questionando papeis e conceitos cristalizados. A contística de Luiz Vilela ficcionaliza esse múltiplo universo.
Palavras-chave: Conto; Convivência; Gênero.



VIOLÊNCIA  CONTRA  A  MULHER :  AGRESSÃO  E
FEMINICÍDIO EM CONTOS DE ALCIENE RIBEIRO
Natália Tano Portela (PPG-Letras/CPTL/UFMS)

Resumo: Este trabalho tem por objetivo apresentar as formas de agressão contra a mulher representadas nos contos de Alciene Ribeiro, em especial do conto “Ave Maria das Graças Santos” (1984). Traçando um paralelo com dados e casos de violência contra a mulher, utilizamo-nos das abordagens de Lia Zanotta Machado a respeito dos aspectos sociológicos desse tipo de crime. Observamos que a contística de Alciene Ribeiro, ao retratar casos de violência contra a mulher, assume um papel social de denunciante desta forma de opressão.
Palavras-chave: literatura brasileira; contos; violência; feminicídio; Alciene Ribeiro.



DESEJAR SER: A METALINGUAGEM EM LIVRO
SOBRE NADA, DE MANOEL DE BARROS
Maisa Barbosa da Silva Cordeiro (UFMS/CPTL)

Resumo: Este trabalho propõe uma análise da metalinguagem em Manoel de Barros. Para cumprir com tal proposta, debruçamo-nos especificamente sobre a segunda parte de Livro sobre nada (2016 [1996]), intituladaDesejar ser. Observa-se, para tanto, a metalinguagem como recurso por meio do qual se faz a reflexão sobre o fazer poético, considerando como essa reflexão expressa um eu lírico autorreferencial, a partir de uma estrutura poética pertinente à lírica moderna.
Palavras-chave: Manoel de Barros; metalinguagem; Desejar ser.




Mesa 2
Coordenação: Prof. Dr. Wilton Barroso Filho (UnB)


O CRONOTOPO NO ROMANCE PERDIÇÃO, DE LUIZ VILELA.
Elcione Ferreira (UFMS)

Resumo: O presente artigo faz uma análise do romance Perdição (2011), de Luiz Vilela. Tendo como enfoque a concepção teórica de cronotopo desenvolvida por Mikhail Bakhtin, no livro; Questões de literatura e de estética: a teoria do romance (2010), visando compreender o sentido composto do entrelaçamento das relações temporais e espaciais na configuração da personagem principal. No tocante às funções do espaço, além do teórico mencionado, nos valemos também dos estudos de Osman Lins, em Lima Barreto e o espaço romanesco (1976).
Palavras-Chave: Luiz Vilela; Cronotopo; Perdição.


DA AMIZADE: UMA LEITURA DO CONTO
“MEU AMIGO”, DE LUIZ VILELA
Rodrigo Andrade Pereira (UFMS/CPTL)

Resumo: A coletânea de contos Tremor de Terra, do escritor mineiro Luiz Vilela, possui duas fortes características: o relacionamento entre os homens e a dificuldade da convivência interpessoal. A verdadeira amizade, segundo o pensador romano Cícero, é o sentimento que melhor descreve o relacionamento entre homens de bem. O presente trabalho propõe uma leitura do conto “Meu amigo”presente na coletânea, e procura responder a dois problemas recorrentes na contística do escritor: 1. Qual o papel que desempenha a amizade na formação do escritor? 2. O escritor, para Luiz Vilela, é um gênio de geração espontânea nos moldes propostos pelo romantismo europeu? Para proceder à leitura, nos valemos, além do livro Diálogo sobre a amizade, de Cícero, de Os anos de aprendizado de Wilhem Meister, de Goethe.
Palavras-chave: amizade; Luiz Vilela; formação do escritor; Tremor de Terra.



ANÁLISE ENTRE OS CONTOS “NINGUÉM”, DE LUIZ VILELA, E “O HOMEM 
QUE GRITOU EM PLENA TARDE”, DE IGNÁCIO DE LOYOLA BRANDÃO 
Lígia Ribeiro de Souza Zotesso (UEM) 

Resumo: Este artigo visa a comparação entre os contos “Ninguém”, de Luiz Vilela, e “O homem que gritou em plena tarde”, de Ignácio de Loyola Brandão. A seguinte análise baseia-se na concepção de “modernidade líquida”, cunhada por Bauman (2001), a fim de destacar o comportamento humano diante do valor associado ao tempo e ao espaço, nos quais se insere. Com isso, os personagens centrais vivenciam uma “falsa presença”, pois interagem com o meio, mas se anulam diante dos conflitos impostos pela sociedade.
Palavras-chave: Literatura; Modernidade; Individualidade; Identidade.



ENTRE O NADA E O TUDO, A MORTE HUMANA
Denise Moreira Santana (UnB)
Nathália Coelho da Silva (UnB)

Resumo: A presente comunicação tem como o objetivo criar um paralelo entre o conto  “Velório” de Luiz Vilela, com as narrativas ficcionais A morte de Artemio Cruz, de Carlos Fuentes, e Uma Duas, de Eliane Brum, ambos os livros trabalhados dentro da perspectiva da Epistemologia do Romance. A ideia é refletir sobre o aspecto que parece interligar os três textos: a (in)dignidade da morte humana. A banalização da dor e do sofrimento, o corpo como objeto de descarte e a contraditória inutilidade da vida são pontos de intersecção. Ao passo que a filosofia nietzschiana ajuda na compreensão da condição humana de “olhar para a morte” em Vilela, a Epistemologia do Romance perpassa os caminhos de Fuentes e Brum em desejos semelhantes. Justapostos, os três dão sinais de possibilidade de análise comparativa partindo do ambiente estético-filosófico das estórias.
Palavras-chave:  Luiz Vilela; Eliane Brum; Carlos Fuentes; Morte.



A TRINDADE DO CONTO NA ERA DA REPRESSÃO - UM OLHAR SOBRE A PRODUÇÃO DE FONSECA, TREVISAN E VILELA NOS ANOS 60
Ronaldo Franjotti (UFMS/CPTL)

Resumo: Os anos 60 marcaram o século XX como símbolo de inovação, rebeldia e contracultura, pelo menos assim foi mundo afora. No Brasil, enquanto isso, instaurou-se uma ditadura militar que tolheu, gradativamente, a liberdade de expressão e instaurou um regime de exceção. Nesse contexto, sempre fica latente a pergunta: e o que fizeram os intelectuais? Essa comunicação procura relacionar o contexto social da época com três obras publicadas no período a fim melhor entender sua constituição e seu lugar enquanto objeto socialmente construído. Os autores selecionados são referências e poderíamos chamá-los de a trindade do conto contemporâneo brasileiro: Rubem Fonseca, Dalton Trevisan e Luiz Vilela. Além de serem marcos na literatura nacional, e de serem contemporâneos, os selecionados constroem de modo semelhante suas narrativas, primam pela violência e pela inclusão de uma linguagem direta, mordaz, algumas vezes, pornográfica. O uso de uma temática que se contrapõe ao conservadorismo típico do período deve ser visto como um indício do comprometimento dos autores com a liberdade de expressão e revela uma visão comum do que seria a missão do escritor na sociedade.
Palavras-chave: Literatura Brasileira; Ditadura Militar; Conto Contemporâneo; Dalton Trevisan; Luiz Vilela; Rubem Fonseca.



EPISTEMOLOGIA DO ROMANCE
Wilton Barroso Filho (UnB)
Ana Paula Caixeta (UnB)
[Resumo em breve]




Mesa 3
Coordenação: Prof. Dr. Yvonélio Nery Ferreira (UFAC)


DISSENSÃO CONTÍSTICA EM TREMOR DE TERRA, DE LUIZ VILELA.
Marcos Rogério Heck Dorneles (UFMS/CPTL/PPGL)

Resumo: Artigo acerca do volume de contos Tremor de terra, de Luiz Vilela, com ênfase para o exame da dissensão ficcional na atividade de criação literária. Inicialmente, são realçadas algumas características composicionais do livro e suas possíveis implicações semânticas decorrentes. Adiante são pontuados aspectos temáticos e formais que sinalizam para a dissensão contística nos seguintes âmbitos: cognitivo, cultural, filosófico e intertextual. Para realizar esse percurso de pesquisa, são adotadas algumas proposições de teorias da narrativa (GENETTE, 1979; FRIEDMAN, 2002) e é realizado um diálogo dos estudos literários com alguns tópicos dos estudos filosóficos, como as ruínas (BENJAMIN, 1984) e o ceticismo (KRAUSE, 2004). Resulta da pesquisa a avaliação da proporcionalidade e da reciprocidade entre o caráter dissentâneo e a criação ficcional.  
Palavras-chave: Contos. Dissensão. Luiz Vilela.



O EXISTENCIALISMO NA OBRA DE LUIZ VILELA
Lucas Fernando Gonçalves (UnB)

Resumo: O presente artigo analisa as ressonâncias filosóficas na literatura de Luiz Vilela (1989). Abordamos o conceito de existencialismo que decorre de Sartre. Na obra de Vilela constata-se a problemática da fragmentação nas relações humanas e a insistência das nossas angústias frente ao nada, ou seja, do vazio existencial. Por isso, tomamos a crítica de Yvonélio Nery (2008) em sua dissertação Humanismo e ironia nos contos de Luiz Vilela,devido ao diálogo que estabelece entre o pensamento ontológico de Sartre e a ficção de Luiz Vilela. 
Palavras-chave: Existencialismo; Sartre; Literatura Brasileira; Luiz Vilela.



ANÁLISE FILOSÓFICA DE “POR TODA
A VIDA”, CONTO DE LUIZ VILELA
Emanuelle Souza Alves da Silva (UnB)

Resumo: A partir da leitura do conto “Por toda a vida” de Luiz Vilela, investigamos sob o ponto de vista da Epistemologia do Romance, as reflexões que o texto desperta. Diante disso, desenvolvemos algumas reflexões sobre a questão da liberdade de escolha que no conto é sufocada pela necessidade financeira e também sobre o jogo de linguagem irônico adotado por Vilela que mostra no conto a busca da felicidade e completude tão almejada, mas que num dado momento fica distante diante da rotina e monotonia da vida dos personagens. Por fim, traremos uma aproximação dos personagens para com a realidade do sujeito contemporâneo e assim indicaremos certa universalidade das questões levantadas pelo conto.
Palavras-chave: Universalidade; liberdade; sujeito contemporâneo.



TÍTULO EM BREVE
Yvonélio Nery Ferreira (UFAC)

[Resumo em breve]



ENTRE TRANSGRESSÕES: NARRATIVA HÍBRIDA
EM LUIZ VILELA E MARIO VARGAS LLOSA
Janara Laíza de Almeida Soares (UnB) 

Resumo: A presente comunicação tem como objetivo discutir a construção das narrativas híbridas no conto “Dois Homens”, de Luiz Vilela, e no livro Pantaleón y las visitadoras, de Mario Vargas Llosa. Tanto no conto como no romance percebemos a presença de um narrador voyeur que utiliza representações imagéticas, no primeiro caso, e a representação teatral, no segundo. Tais estratégias, enquanto tentativas de subversão das representações canônicas, extrapolam as limitações da narrativa, trazendo consigo consequências éticas e estéticas que enriquecem as possibilidades de leitura dos textos analisados.
Palavras-chave: Narrativa híbrida; Mario Vargas Llosa; Luiz Vilela; Literatura Comparada.


DA SUBMISSÃO FEMININA AOS RESQUÍCIOS DE RESISTÊNCIA
no CONTO “NOSSO DIA”, DE LUIZ VILELA
Maria Rodrigues do Carmo (UFMS/CPTL)

Resumo: O presente artigo tem por objetivo analisar a submissão feminina e os vestígios de resistência na personagem “mulher” do conto Nosso dia, da coletânea Tremor de terra (2003), do ficcionista contemporâneo Luiz Vilela. O enredo do conto é a submissão da personagem feminina que apresenta resquícios de resistência no dia em que tentara comemorar os dez anos de matrimônio junto ao cônjuge. O conto é narrado em terceira pessoa, há pouca participação do narrador onisciente, sendo a narrativa  construída através de diálogo e fluxo de consciência,  discorrendo em tom cômico. O conto nos permite observar uma mudança na condição feminina: da submissão à possibilidade de um novo reposicionamento, condizente com as reorganizações sociais do mundo contemporâneo. Como metodologia utilizamos revisão bibliográfica e, como aporte teórico, utilizamo-nos dos pensamentos de Beauvoir (2009), Hall (2014), Muraro (1992), Bosi (2008), dentre outros.

Palavras-chave: Conto; Luiz Vilela; Servidão; Resistência; Indiferença.


A programação pode ser conferida aqui.